Uma nova molécula para tratar os sintomas e a progressão da doença de Parkinson passou com sucesso da fase pré-clínica.
Cientistas argentinos do CONICET, da Universidade de Buenos Aires e da Universidade Nacional de Tucumán, em colaboração com a empresa americana de biotecnologia Sky Bio LLC, anunciaram o desenvolvimento de uma molécula inovadora para combater a doença de Parkinson.
Essa nova molécula, chamada Pegasus ou DAD 9, passou com sucesso em testes pré-clínicos e foi patenteada nos Estados Unidos e na União Europeia, marcando um passo crucial para o tratamento dessa doença neurodegenerativa.
O que é pesquisa pré-clínica?
Os estudos pré-clínicos, ou seja, prévios a qualquer pesquisa clínica em humanos, são o primeiro passo: fase 0. Eles não buscam apenas analisar a viabilidade da molécula em estudo, mas é nesta fase que ocorre a revisão e aprovação ético-regulamentares. Esta etapa consiste em duas instâncias:
Estudos celulares: Estes são frequentemente os primeiros testes feitos para testar um novo tratamento. Para determinar se pode ser eficaz, os pesquisadores estudam os efeitos do novo tratamento em células humanas ou animais.
Estudos em animais: Os tratamentos que se mostram promissores em estudos de células são então testados em animais vivos. Isso dá aos pesquisadores uma ideia de quão seguro é o novo tratamento em uma criatura viva.
Somente quando esses estudos pré-clínicos oferecem resultados encorajadores são considerados os ensaios clínicos em humanos. Essas investigações médicas devem obedecer a um plano detalhado, denominado protocolo de pesquisa, que estabelece o número de participantes, as doses do teste, a extensão do ensaio clínico e os resultados esperados para considerar se um medicamento é benéfico ou não.
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Pegasus: como é o novo avanço na doença de Parkinson
O Pegasus representa uma abordagem revolucionária ao tratar não apenas os sintomas característicos da doença, mas também a progressão do dano neuronal, com o objetivo de ser a primeira molécula a atingir essa dualidade de ação.
A cientista Rosana Chehín, do CONICET e do centro de pesquisa da UNT, explicou que o Pegasus pretende agir como um agonista dopaminérgico, semelhante à dopamina, um neurotransmissor crucial no cérebro, ao mesmo tempo em que apresenta atividade neuroprotetora, impedindo a formação de espécies tóxicas responsáveis pelo dano neuronal.
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A molécula em estudo oferece uma vantagem sobre os tratamentos convencionais por usar um sistema de transporte que facilita sua passagem pela barreira hematoencefálica, o que melhora sua eficácia e reduz os efeitos colaterais.
Essa combinação permitiu que os pesquisadores otimizassem as propriedades da molécula em termos de eficácia e segurança.
A importância do avanço da ciência
De acordo com a OMS, a doença de Parkinson afeta 1 em cada 100 pessoas com mais de 60 anos e estima-se que até 2030 haverá cerca de 12 milhões de pacientes em todo o mundo. É por isso que o anúncio dessa nova molécula representa um marco e uma nova direção na pesquisa médica.
A medicação atual usada como tratamento promove a estimulação cerebral profunda e pode ajudar com os tremores. No entanto, ainda não existe um tratamento que se concentre em melhorar a doença além de sua sintomatologia.
O descobrimento de uma nova molécula na pesquisa destaca a importância e o desafio que a ciência ainda tem de apostar na inovação e no aprimoramento de novos tratamentos para os pacientes.
Referências bibliográficas
Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET). Patentan una nueva molécula para combatir el Parkinson. Comunicado de prensa.
Organización Mundial de la salud (OMS). Enfermedad de Parkinson. https://shorturl.at/deHR9