Descubra os avanços mais recentes nos tratamentos para o câncer de mama, desde a quimioterapia até as terapias direcionadas, com opiniões especializadas da Dra. Alfie. Conheça como a pesquisa científica está revolucionando o futuro do tratamento oncológico.
Os tratamentos para o câncer de mama continuam sendo um dos maiores desafios na oncologia atual, embora os avanços em seu manejo tenham permitido melhorar significativamente as taxas de sobrevivência. No entanto, ainda existem barreiras, especialmente quando se trata de encontrar terapias que ofereçam maiores benefícios com menos efeitos colaterais.
Nesta entrevista com a Dra. Margarita Alfie, Chefe de Oncologia da OMI e especialista em pesquisa clínica, analisamos as novas terapias e os desafios que persistem no manejo do câncer de mama.
Quais são os tratamentos atuais para o câncer de mama?
O câncer de mama não é uma única doença. Como explica a Dra. Alfie, “temos o tratamento cirúrgico, a quimioterapia e as terapias hormonais, mas, nos últimos 30 anos, foram descobertos diferentes subtipos de câncer de mama, e cada um requer tratamentos específicos.”
Entre os tratamentos estão:
Tratamento cirúrgico: uma das primeiras opções quando o câncer de mama é detectado a tempo. Isso pode envolver uma mastectomia parcial ou completa, dependendo do tamanho e da extensão do tumor.
Quimioterapia: é um pilar no tratamento do câncer de mama, especialmente para aqueles subtipos mais agressivos, como o câncer de mama triplo negativo. “O câncer de mama triplo negativo é um dos mais difíceis de tratar, pois não responde às terapias hormonais nem às terapias direcionadas, então a quimioterapia é essencial”, menciona a Dra. Alfie.
Terapias hormonais: fundamentais para o tratamento do câncer de mama receptor de estrogênio positivo. Esses tumores dependem dos hormônios para crescer, por isso bloquear esses receptores com medicamentos como o tamoxifeno é crucial para evitar a progressão da doença.
Subtipos de câncer de mama e seus tratamentos específicos
O câncer de mama HER2 positivo implica a superexpressão da proteína HER2, que promove o crescimento das células cancerosas. “No câncer de mama HER2 positivo, utilizam-se terapias direcionadas que bloqueiam essa proteína e reduzem o crescimento tumoral. Os novos tratamentos estão melhorando as taxas de sobrevivência, combinando anticorpos monoclonais e quimioterapia.”
Um dos subtipos mais agressivos é o câncer de mama triplo negativo, que não expressa os receptores comuns de estrogênio, progesterona ou HER2. A Dra. Alfie explica: “Esse tipo de câncer é mais agressivo porque as células podem se duplicar rapidamente. No entanto, o uso de imunoterapia junto com quimioterapia está mostrando resultados promissores, alcançando respostas completas em alguns casos.”
Novos tratamentos em investigação
O futuro do tratamento do câncer de mama está centrado na personalização e nas terapias direcionadas. A Dra. Alfie detalha que “à medida que são identificados mecanismos específicos de resistência, as terapias se tornam mais direcionadas e controladas quanto à toxicidade. Um exemplo disso são os anticorpos conjugados, que direcionam a quimioterapia diretamente para as células cancerosas, minimizando o dano ao tecido saudável.”
Além disso, o uso da imunoterapia está revolucionando o tratamento de tumores triplos negativos. Essa terapia ajuda o sistema imunológico a identificar e atacar as células tumorais, melhorando a resposta à quimioterapia e aumentando a sobrevivência dos pacientes. Tal é o caso da imunoterapia anti-PDL1 que “é uma das mais avançadas para tratar o câncer de mama triplo negativo, especialmente quando combinada com quimioterapia.”
Quanto aos tumores com receptor de estrogênio positivo, o desenvolvimento dos SERDs (degradadores seletivos de receptores de estrogênio) tem mostrado promessas ao bloquear o mecanismo de escape das células tumorais, mesmo na presença de mutações. Para a Dra. Alfie, “esses novos tratamentos permitem atacar o receptor de estrogênio normal e mutado, o que reduz as resistências e melhora a eficácia do tratamento.”
Fatores genéticos e ambientais
Em relação aos fatores de risco, a Dra. Alfie destaca a importância dos estudos genéticos: “Apenas 5-10% dos casos de câncer de mama são hereditários. Hoje em dia, os estudos genéticos podem identificar mutações como BRCA1 ou BRCA2, o que permite adaptar o tratamento e prevenir novos episódios de câncer.”
Conclusão
O futuro do câncer de mama está repleto de avanços promissores. Desde tratamentos mais direcionados e menos tóxicos até o uso da imunoterapia para tumores agressivos, as pesquisas atuais estão transformando o cenário.
Como conclui a Dra. Alfie, “o importante é que cada paciente receba um tratamento personalizado com base no tipo de câncer de mama e no seu perfil genético, assegurando maior eficácia e melhor qualidade de vida.”
Esses avanços não só melhoram a sobrevivência dos pacientes, como também estão abrindo caminho para novas terapias que continuarão a revolucionar o tratamento do câncer de mama.