É o segundo câncer de sangue mais comum. Descubra como ele se desenvolve e quais são as opções de tratamento nesse estágio da doença.
O mieloma múltiplo é um tipo de câncer de sangue que afeta principalmente homens com mais de 69 anos de idade, em média, embora também possa ocorrer em pessoas mais jovens.
Nesse câncer, as células plasmáticas da medula óssea que normalmente produzem anticorpos sofrem mutação e se reproduzem fora de controle, produzindo um excesso de imunoglobulinas anormais, ou anticorpos do tipo M, e uma diminuição de outros glóbulos brancos e glóbulos vermelhos.
Normalmente, as células plasmáticas – ou “linfócitos do tipo B” maduros – são encontradas na medula óssea. A medula óssea é o tecido mole dentro dos ossos. Além das células plasmáticas, a medula óssea também contém outras células sanguíneas, como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
Quando as células plasmáticas, que basicamente têm uma função de defesa contra infecções, sofrem mutação, elas podem crescer de forma incontrolável e até mesmo se espalhar para fora da medula óssea. Esse câncer é chamado de mieloma múltiplo.
Como resultado do crescimento descontrolado das células plasmáticas, as pessoas podem apresentar os seguintes sinais e sintomas:
- Dor óssea
- lesões ósseas, fraturas
- anemia
- Fadiga
- Aumento de cálcio (hipercalcemia) e proteína no sangue ou na urina.
- Danos aos rins (maior suscetibilidade a infecções, náusea, constipação, perda de apetite, sede).
Em muitos casos, os sintomas são leves ou aparecem tardiamente, de modo que o diagnóstico do mieloma múltiplo é tardio e só é feito após exames de sangue e urina anormais e radiografias ou tomografias computadorizadas revelarem lesões nos ossos. Uma biópsia ou aspiração da medula óssea geralmente confirma o diagnóstico.
É importante ter um diagnóstico preciso para iniciar rapidamente o tratamento e, eventualmente, um transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas, capazes de gerar novas células vermelhas e brancas do sangue.
Aumento da sobrevida
Antes do desenvolvimento de novos tratamentos, os pacientes com mieloma múltiplo tinham uma expectativa de vida de 30 meses. Hoje, a sobrevida pode ser superior a 10 anos e pode ser mais longa se os novos medicamentos que estão sendo testados para aqueles que não respondem mais ao tratamento padrão forem bem-sucedidos.
Atualmente, o tratamento típico para o mieloma múltiplo consiste em um glicorticoide (dexametasona), um imunomodulador (talidomida, lenalidomida, pomalidomida, etc.) e um inibidor de proteossoma (bortezomibe, carfilzomibe, etc.). Em alguns casos, um anticorpo monoclonal anti-CD38 (elotuzumabe, daratumumumabe ou isatuximabe) é adicionado a essa combinação terapêutica.
Apesar dos avanços no tratamento medicamentoso nas últimas duas décadas, mais de 100.000 pacientes em todo o mundo ainda morrem a cada ano de mieloma múltiplo, e tanto o número de novos casos quanto a mortalidade estão aumentando na América Latina.
Ainda não se entende bem o que causa a desregulação das células plasmáticas que leva ao mieloma múltiplo. Os fatores que podem aumentar o risco de mieloma múltiplo incluem exposição a pesticidas e fertilizantes, trabalho com produtos petroquímicos e obesidade, bem como idade avançada, histórico familiar de mieloma múltiplo e gamopatia monoclonal de certificado incerto.
O desafio da resistência aos medicamentos
O crescimento incessante dos plasmócitos não apenas desloca outros glóbulos brancos (linfócitos) na medula óssea, mas também pode formar tumores (plasmocitomas) em outras partes do corpo, fora dos ossos. Alguns pacientes desenvolvem complicações neurológicas, cardíacas ou renais.
Certas mutações no DNA das células plasmáticas também aumentam o risco de morte precoce. Por fim, muitos pacientes se tornam resistentes até mesmo aos tratamentos mais avançados e precisam de novos medicamentos para controlar a doença.
O mieloma múltiplo recidivado ou refratário (que não responde ao tratamento) é agora um desafio para a sobrevivência do paciente, pois os medicamentos usuais param de funcionar e as células plasmáticas ficam fora de controle a ponto de gerar tumores em diferentes órgãos e nos ossos.
Quando há apenas um tumor, a doença é chamada de plasmocitoma. Quando há muitos tumores, ela é chamada de mieloma múltiplo. Para esses casos, novas imunoterapias estão sendo investigadas, como os anticorpos biespecíficos teclistamab, talquetamab, elranatamab e também as terapias com células CAR-T.
Atualmente, estão em andamento estudos clínicos para pacientes com mieloma múltiplo cujo câncer retorna após um tratamento bem-sucedido. Um deles é a mezigdomida, um medicamento da nova classe de moduladores da proteína Cereblon (CELMoD) que está sendo testado em vários países do mundo, inclusive na Argentina.
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