Descubra um dos avanços mais promissores e inovadores da ciência para a prevenção da recorrência do tumor (ou seja, se o tumor tem probabilidade de voltar) em pacientes com câncer de bexiga.
O que é uma biópsia líquida?
A biópsia líquida utiliza o DNA das células tumorais que circulam no sangue. Esse método é importante para detectar a probabilidade de recorrência do tumor em pacientes que já foram submetidos à cirurgia para câncer de bexiga.
O resultado é essencial para a escolha de tratamentos de câncer cada vez mais personalizados e menos invasivos e para a avaliação do prognóstico de sobrevivência do paciente.
DNA tumoral: um alerta silencioso
O DNA tumoral é liberado no sangue pelas células tumorais durante os estágios iniciais do câncer e se tornou uma ferramenta crucial para a detecção precoce e a avaliação da progressão do câncer.
Esse biomarcador permite não apenas identificar o tipo de câncer que afeta o paciente, mas também determinar a eficácia do tratamento e prever a probabilidade de recorrência, ou seja, o retorno do tumor.
Câncer de bexiga: o tumor pode voltar após a cirurgia?
Para realizar o estudo da imunoterapia em pacientes recém operados de câncer de bexiga, uma pesquisa clínica está sendo conduzido em todo o mundo. No âmbito desse estudo, as pessoas que se submeteram à cirurgia para câncer de bexiga podem participar gratuitamente desse estudo.
Mais informaçõesNo primeiro estágio do estudo, os pacientes que foram submetidos recentemente à cirurgia radical da bexiga (cistectomia) são submetidos a uma biópsia líquida para detectar possíveis células malignas residuais no sangue. Esse procedimento tem duração de um ano. Se, durante esse período, o paciente obtiver um resultado “positivo” (possibilidade de recorrência do tumor), ele será incluído em um estudo de pesquisa que testa a eficácia de uma nova imunoterapia para esse tipo de câncer.
Os pacientes com um resultado “negativo” não têm chance de recorrência do tumor. Portanto, ao realizar uma biópsia líquida sem nenhum custo, eles podem monitorar a evolução de sua doença após a operação usando os métodos mais inovadores.
Mais informaçõesA análise do DNA do tumor pode identificar mutações ligadas ao câncer de bexiga. Os pacientes com pelo menos duas das 16 mutações identificadas para esse tipo de câncer poderão participar da segunda fase do estudo, na qual receberão injeções mensais de atezolizumabe. Dessa forma, os pesquisadores poderão avaliar a sobrevivência dos pacientes.
Biópsias líquidas: monitoramento constante
Para garantir o monitoramento rigoroso, os pacientes serão submetidos à biópsia líquida (coleta de sangue para medir o DNA do tumor) a cada 6 semanas durante 1 ano. Esse processo permite a vigilância constante e a detecção precoce de possíveis sinais de recorrência, fornecendo aos pacientes e aos médicos informações valiosas sobre a evolução da doença após a cistectomia.
Qual é o objetivo dessa pesquisa médica?
A esperança é que o atezolizumabe, uma imunoterapia inovadora, possa aumentar as defesas do paciente com câncer de bexiga. Esse tratamento envolveria menos toxicidade e menos efeitos adversos em comparação com os tratamentos padrão (como quimioterapia ou radioterapia).
Essa abordagem de tratamento, apoiada pela biópsia líquida, representa uma estratégia de ponta na busca de alternativas mais eficazes e menos invasivas para o câncer de bexiga.
Mais informaçõesA biópsia líquida não apenas revolucionou a detecção do câncer, mas também deverá se tornar o método preferido para avaliar a eficácia dos tratamentos contra o câncer. Em um futuro próximo, essas biópsias poderão se tornar uma prática comum em oncologia, marcando um marco na medicina de precisão.
Como participar desta pesquisa clínica sobre câncer de bexiga
As pessoas que se submeteram recentemente a uma cirurgia para câncer de bexiga podem se inscrever para participar desse estudo clínico sem nenhum custo. Os pacientes que atendem aos critérios médicos para participação têm a oportunidade de se submeter à biópsia líquida e receber monitoramento contínuo da progressão da doença após a cirurgia.
Mais informaçõesAs pessoas com alta probabilidade de recidiva do tumor (ou seja, o tumor voltará) poderão participar do segundo estágio do estudo. Isso testará a eficácia da imunoterapia no controle da doença.
Referências bibliográficas:
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