Para conhecer mais informações sobre as pesquisas clínicas do Diabetes mellitus Tipo 2 realizadas com crianças e adolescentes no Brasil, entrevistamos o Dr. Raphael Del Roio Liberatore Jr., especialista em Endocrinologia Pediátrica – Diabetologia e Metabologia Pediátrica, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo.
Ele detalhou ao Un Ensayo Para Mí como é possível chegar a novos tratamentos.
Causas do Diabetes Tipo 2
Antes de falar sobre o tratamento da doença, o especialista explica as causas.
A primeira é que existem pessoas geneticamente determinadas a desenvolver Diabetes Tipo 2. O segundo motivo que, segundo ele, tem gerado um aumento de casos no Brasil, é o excesso de peso.
“Então, em indivíduos com carga genética propícia a desenvolver a doença, o excesso de peso faz com que o corpo não produza quantidades suficientes de insulina para controlar o metabolismo de uma forma geral, e, mais especificamente, o metabolismo de carboidrato”, explica Liberatore Jr.
O pesquisador enfatiza que, nesses casos, o corpo produz muito mais insulina do que o normal, o que não é o suficiente para manter o metabolismo em equilíbrio.
Tratamento
O tratamento do Diabetes Tipo 2 para crianças e adolescentes proposto por essa pesquisa é a combinação: medicamento + mudança no padrão de vida. “O que sabemos é que o indivíduo deve mudar a alimentação e aumentar a frequência de atividade física (aeróbica e resistida) para que, desta forma, possa perder peso. Esse é o principal tratamento”, diz o especialista.
Ele conta que, atualmente, a Metformina é o único remédio disponível para o tratamento de Diabetes Tipo 2 e aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e pelos Comitês de Ética Brasileiros dos centros de pesquisas.
> Mais informações sobre esta pesquisa clínica AQUI<
E qual a diferença desse estudo?
Liberatore Jr. afirma que o estudo propõe tratar crianças e adolescentes com a Metformina.
“De todas as fases do estudo clínico, o medicamento mostrou que funciona e é seguro.
Agora estamos propondo o mesmo tratamento para adolescentes.”
Segundo Liberatore Jr., o Diabetes Tipo 2 não tem cura, porque o potencial genético perdura. “Mas é possível fazer um controle metabólico. Então a Metfermina visa melhorar a ação da insulina no corpo, assim como age no corpo de um adulto”.
Como e por que ser voluntário nesse teste clínico?
A pesquisa está em busca de voluntários brasileiros na faixa entre 10 e 17 anos.
“Se o medicamento funcionar para adolescentes da mesma forma que funciona para os adultos, evitaríamos o uso da insulina e possibilitaria o uso de doses menores da Metformina e, consequentemente, com menos efeitos colaterais. Isso poderia adiar ou cancelar a necessidade da insulina”, comenta o profissional.
Dr. Liberatore explica que o existe um benefício individual e coletivo em participar desse projeto de pesquisa. Isso porque, havendo a confirmação de que o remédio é adequado e controla o Diabetes Tipo 2 com menos efeitos colaterais para essa faixa etária, mais pessoas poderão ser beneficiadas dessa descoberta.
> Mais informações sobre esta pesquisa clínica AQUI<
Passo a passo para ser voluntário:
- Ser portador de Diabete mellitus Tipo 2 com idade entre 10 e 17 anos.
- Buscar e entrar em contato com um dos centros de pesquisa mais próximos da residência.
- Junto com os pais, a criança ou adolescente deve encontrar o pesquisador responsável para receber informações detalhadas do estudo e conhecer possíveis efeitos benéficos e maléficos do uso do medicamento.
- Autorizar formalmente a participação.
- Realizar consultas médicas para detalhar como recebeu o diagnóstico da doença.
- Realizar exames físicos e de sangue.
- Aguardar confirmação de condição clínica estável.
- Início da participação no estudo com o uso do remédio em casa.
- Periodicamente será monitorizado para identificar como e se o remédio está funcionando.
Mensagem final
Liberatore Jr. reforçou que a participação de voluntários é a única forma de oferecer qualidade de vida para mais cidadãos.
“Essa é uma doença que está acometendo um número cada vez maior de indivíduos. Conforme aumenta a população de adolescentes obesos, também cresce o número de indivíduos com Diabetes Tipo 2 nessa faixa etária”, disse ainda.
“Não basta desenvolver um remédio novo. Nós temos uma medicação que funciona muito bem, com uma quantidade pequena de efeitos colaterais em adultos. Então porque não se voluntariar e nos ajudar a identificar se a medicação é igualmente efetiva e segura para crianças e adolescentes?”, apontou.
> Mais informações sobre esta pesquisa clínica AQUI<